REDES

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Redes sociais e subjetividade: o sujeito mecanizado no ecossistema digital por NODAL





https://bit.ly/43ysKHd

Demos a palavra a muitos, mas poucos  manipulam  a palavra.
 A fala ampliada tem poder e esgarça o tecido e laços sociais,fazendo do estado um usurpador-segundo eles das bigtechs-Alphabeth,Meta, Microsoft, Amazon ,X e outras mais.

Se o estado não se coloca como soberano por sobre a terra,água e ar - agora no sentido mais amplo NESTE ULTIMO - VIAS SATELITAIS,o poder é usurpado.
Se O poder nunca está vazio, qualquer ausência a milícia digital ocupa, te faz de iidiota, pois não entendes os protocolos dos algoritmos e o poder é ocupado e se estende com a cumplicidade de muitos que não saben ou sofrem a compulsão pela fala, face o anonimato que o neoliberalismo impos via e pelas estratégias montadas.

Foi  uma alfabetização não tão lenta, mas teve certa rapidez e desde os emails ela foi caminhando e tomou o poder.

As redes que de social nada, são simulacros do social e aí reside o perigo, tem avançado e subordinado o sujeito em todos os sentidos até mesmo na construção da subjetividade  E NO DESENHO POLÍTICO- AFINAL NÁO HÁ PODER SEM POLÍTICA. . A PROPÓSITO VEJAM, OUÇAM- Instagran.


Essas milícias atuaram no mundo ocidental , no espectro do hemisfério  norte e sul, lembremos de 
Steve Bannon.

Não faltaram teóricos para avisar , mas a eeducação foi tomada pela EAD e agora ela é controlada pelos protocolos da escrita do teclado, o smartphone cada dia se expandem e nosso cotidiano esta sobre o controle de aplicativos que conversam com as bigtechs, nossa privacidade não mais existe.

Até a sexualidade foi moldada pelo porno e a camera é elemento do fetiche na ação sexual,  e assim uma das partes escraviza a outra pela imagem.faz se sexo pela imagem e no que faz subordina uma das partes.

" ..o sujeito mecanizado no ecossistema digital' não tem nenhuma liberdade ,mas acha que tem e confunde ética com apenas livre expressão, a expressão e seu contéudo há de ser controlado pelo estado,pelo direito, que regula e por essência ccontrola por vezes até parece censura, mas não é o instituto da justiça- do direito que regulamenta e há que ser

Mas o tema é amplo e venho estudando o pornográfico , no sentido amplo e breve descorrerei  mas a fundo com aglutinação do foco que vem a seguir ,ou seja, sobre o foco das redes digitais subjetividade e mecanização  passemos a palavra  A Paula Giménez e Matías Caciabue- POR NODAL.P VASCONCELOS



Por Paula Giménez e Matías Caciabue *

tradução  google

Hoje, as mídias sociais deixaram de ser meras ferramentas de entretenimento e socialização para se tornarem verdadeiros instrumentos estratégicos da chamada Quarta Revolução Industrial. Disputas fundamentais estão sendo travadas sobre elas, não apenas pela captura de dados e informações, mas também pela atenção e subjetividade de seus supostos usuários.

Assim, consolidam-se como mecanismos centrais de poder na competição entre capitais, tanto na produção de valor quanto no controle das formas de subjetivação. Mas seu alcance vai além: ao mediar nossa relação com o mundo, essas plataformas participam diretamente da produção de sentido, moldando imaginários, desejos e crenças que, na maioria dos casos, são capturados por propostas tecnocapitalistas e pós-humanistas, cujo horizonte é a consagração da Inteligência Artificial como divindade teológica fundamental.

Hoje, mais de 5 bilhões de pessoas — 63,9% da população mundial — usam as mídias sociais, o que reflete o papel central que essas plataformas desempenham em nosso cotidiano. Como ferramentas tecnológicas, elas representam apenas um elo na rede mais ampla de dispositivos que moldam os processos de digitalização e virtualização de todos os aspectos da vida social.

No entanto, uma análise rigorosa de sua consolidação e expansão em nível global oferece uma ferramenta fundamental para compreender como a disputa entre capitais se manifesta hoje: uma luta que não se trava mais apenas em territórios tradicionais, mas incorpora novos elementos por meio de fluxos de informação, algoritmos e formas de intervenção na subjetividade.
Globalmente, podemos observar como as principais plataformas digitais dividem o território virtual segundo uma lógica que expressa a principal contradição, o que chamamos de "The G2 Showdown", e que pode ser definida como uma guerra em rede entre os atores financeiros e tecnológicos dos Estados Unidos, da China e seus desdobramentos institucionais e iniciativas estratégicas de alcance global. Assim, em ambos os campos, estruturam-se redes digitais que penetram e impactam o tecido social, reorganizando a vida cotidiana, a economia, a comunicação e o poder em escala global.

Entre as plataformas de mídia social mais utilizadas globalmente, predominam aquelas que fazem parte do ecossistema tecnológico americano, conhecidas como GAFAM ou "os sete magníficos", uma referência aos gigantes do Vale do Silício. Nesse cenário, o Meta detém a liderança indiscutível, com o Facebook alcançando 3,07 bilhões de usuários e o WhatsApp e o Instagram ultrapassando 2 bilhões cada. Soma-se a isso o YouTube, de propriedade da Alphabet (Google), com mais de 2,5 bilhões de usuários ativos. Vale destacar que, de acordo com o último relatório da We Are Social e da Meltwater, essas plataformas não só lideram o ranking global em número de usuários, mas também em termos de alta penetração em diversos países do mundo.

Estatísticas globais de mídia social — DataReportal – Global Digital Insights

Essas redes sociais têm suas contrapartes na China, onde, embora seu alcance global seja mais limitado, sua implementação massiva no país as posiciona como participantes-chave em termos de base de usuários. Nesse sentido, as redes sociais chinesas fazem parte do esquema BATHX, composto por gigantes da tecnologia como Tencent e Alibaba, que mantêm participações significativas nesses tipos de plataformas. A Tencent, por exemplo, está por trás do WeChat — com 1,343 bilhão de usuários — e do Kuaishou — com 714 milhões — enquanto o Alibaba detém participações significativas no Weibo, que tem cerca de 590 milhões de usuários. Enquanto isso, a ByteDance, outra participante-chave no ecossistema de tecnologia chinês, é a empresa por trás do Douyin, a versão local do TikTok, cuja versão internacional tem 1,5 bilhão de usuários globalmente.

As mídias sociais também funcionam como verdadeiros dispositivos de poder, mesmo no sentido mais básico. A Truth Social, lançada em fevereiro de 2022 após as contas de Trump no Twitter e no Facebook terem sido suspensas pelo Trump Media & Technology Group (TMTG), funciona como um centro de comando digital para o discurso neoconservador, de onde são lançados slogans, promovida desinformação e discurso de ódio racista ou transfóbico. A partir daí, Trump articula e mobiliza sua base, usando-a como ferramenta política e de comunicação para gerar eventos políticos. E, segundo a Forbes, também é sua principal fonte de renda: de um patrimônio líquido total de US$ 5,1 bilhões, a empresa controladora da Truth Social responde por US$ 2,6 bilhões.

Esta é a abordagem da "Cortina de Silício" sobre a qual Yuval Harari alerta, em relação à divisão do mundo digital, assim como a cortina de aço fez durante a Guerra Fria. Uma infraestrutura geopolítica eficaz que molda a subjetividade, segmenta a informação e define o acesso ao conhecimento sob a lógica do controle corporativo.

Tempo produtivo disfarçado de lazer

Em termos de produção de valor, é importante considerar que o tempo que passamos nessas plataformas não é neutro: é tempo produtivo, gerando dados que são então processados ​​e alavancados para desenvolver novos meios de produção. Nesse cenário, o TikTok lidera a lista com quase 35 horas por usuário por mês, seguido pelo YouTube (27 horas), Facebook (17 horas) e Instagram e WhatsApp (ambos com 16 horas). Em média, uma pessoa passa mais de 8 horas por dia conectada à internet, das quais mais de 2 horas e 20 minutos são gastos usando as mídias sociais — ou seja, mais de 60 horas por mês. Isso dá origem a uma nova forma de tempo produtivo que se justapõe à jornada de trabalho tradicional. Esta é uma profunda transformação cultural: o tempo social disponível é capturado pelas plataformas e colocado a serviço da valorização do capital.

Por outro lado, as plataformas de mídia social desempenham um papel fundamental como dispositivos de produção de subjetividade. Por meio de algoritmos de criação de perfis, sistemas de recompensas variáveis ​​e intermitentes, técnicas de neuromarketing e mecanismos de gamificação, elas constroem bolhas afetivas e nichos de significado que segmentam os usuários não apenas por interesses, mas também por padrões de comportamento e predisposição ao consumo.

Nesse contexto, a plataforma de mídia social funciona como uma ferramenta de soft power, de dominação emocional e ideológica, capaz de moldar agendas, estabelecer discursos, obscurecer resistências e capturar desejos. Poderíamos dizer que os mecanismos de produção de hegemonia agora se realizam em tempo real, por meio de loops algorítmicos, feedback automatizado e cutucadas cognitivas na "teoria da cutucada". Em outras palavras, as plataformas não apenas "distribuim informação", elas produzem realidade.

A esses mecanismos, soma-se a aplicação de novas ferramentas de inteligência artificial, que permitem maior segmentação e dependência por meio dos chamados assistentes digitais, bem como a tendência dessas plataformas incorporarem novas funcionalidades (como serviços de pagamento, e-commerce etc.) para a construção dos chamados "superaplicativos". Essa integração não é coincidência: responde a uma lógica estratégica do capital tecnológico que busca concentrar dados, maximizar o tempo de permanência e construir ambientes de fidelidade total, onde cada clique, cada rolagem, cada pausa é registrado, processado e traduzido em padrões algorítmicos para otimizar o desempenho. A subjetividade torna-se, assim, uma variável regida por métricas, e a experiência pessoal é padronizada em formatos replicáveis, reproduzíveis e vendáveis.

Nesta nova fase do capitalismo digital-financeiro, assistimos a um fenômeno paradoxal: quanto mais interconectados estamos, mais fragmentados nos tornamos. As plataformas prometem comunidade, mas produzem isolamento; oferecem expressão, mas induzem homogeneidade; estimulam a participação, mas programam comportamentos. A virtualidade torna-se, assim, a matéria-prima que nos une na dispersão, combinando nossa atividade econômica e segmentando nossa capacidade política.

O resultado é o estabelecimento da solidão como condição humana primária em nossas sociedades contemporâneas. Esse processo fomenta a disseminação de ideologias que colocam o indivíduo em seu cerne, promovendo uma visão do sujeito como uma entidade autônoma, competitiva e autossuficiente, desvinculada de qualquer forma de comunidade, e obscurecendo os mecanismos de exploração e dominação aos quais estamos expostos.

Imersa nos fluxos da imediatez virtual e sob o controle rigoroso de computadores algorítmicos, essa nova fase do capital mecaniza o homem ao mesmo tempo em que humaniza a máquina, reduzindo o sujeito a um nó funcional dentro de um sistema que otimiza seu desempenho e define um significado histórico intransponível para sua existência. Nas palavras de Eric Sadin, vivemos em uma era de pós-humanismo exacerbado, onde florescem propostas tecnocapitalistas, como as promovidas por figuras como Elon Musk ou pensadores como Nick Land. Elas concebem o desenvolvimento tecnológico como um destino inevitável e linear e elevam a Inteligência Artificial à categoria de uma espécie de "Deus Digital", capaz de superar, substituir e até mesmo prescindir do ser humano.

Neste contexto de disputas sobre a ordem e a configuração do mundo capitalista, a promoção de projetos emancipatórios capazes de reapropriar dispositivos tecnológicos e colocá-los a serviço da construção comunitária torna-se mais urgente do que nunca. Diante da lógica que transforma os seres humanos em meros veículos de interesses privados e tende a subumanizar a humanidade em uma espécie de animalidade programada algoritmicamente, é essencial reafirmar seu papel como sujeito de sua própria história, capaz de contestar significados, habitar o mundo digital e utilizar todas as ferramentas da Quarta Revolução Industrial para transformar coletiva e beneficamente um presente de desigualdade e sofrimento.

Giménez é formada em Psicologia e possui mestrado em Segurança Nacional e Defesa e em Segurança Internacional e Estudos Estratégicos. Ela é diretora da NODAL. Caciabue é formada em Ciência Política e ex-Secretária-Geral da Universidade da Defesa Nacional (UNDEF) na Argentina. Ambos são pesquisadores do Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE).


 

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