domingo, 25 de maio de 2025

AS ELITES QUEREM O FIM DA UNIVERSIDADE PÚBLICA - Joao Carlos Salles UFBA







Aprender a aprender  deveria ser o lema,entretanto, as elites do brasil atrasado,falastrões, ou caladões - no seu teatro de múmias advindos-os de norte ao sul :das Farias Lima,do Rio, Minas , do agro- do brasil central, do Amazonas, do Nordeste,mandam neste país como ninguém,Raros a contar nos dedos são o contrário.

Reitores,por incrível que pareça,aliam-se a aqueles.

Eles mandam, coibindo verbas, tentanto comprar as universidades ou dando esmolas,para que estas universidades trabalhem para elas.

Multinacionais das bigtechs já invadiram algumas, como USP e outras do interior.

Reitores Bolsonaristas ajudam a explosão das Universidades , como muitas já citadas aqui em outras matérias , como as do interior de São Paulo.

LEIA ABAIXO O TEXTO DE JOÃO CARLOS SALLES ,que chegou as minhãs vistas:


 


AS ELITES QUEREM O FIM DA UNIVERSIDADE PÚBLICA

 

 

Joao Carlos Salles

Professor de Filosofia

FFCH-UFBA

 

 

1.             É claro o projeto das elites conservadoras para a universidade. Com rara felicidade, a Falha de S. Paulo o sintetizou no Editorial "Nao haveR dinheiro que baste para universidade publicas", de 23 de maio de 2025, reagindo ao manifesto conjunto da Academia Brasileira de Ciencias (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso das Ciencias (SBPC) -    que, com plena razao, mostraram que o contingenciamento ora definido pelo govemo federal favorece o desmonte da universidade publica em nosso pais.

Os redatores da Falha sao competentes. Eles sao capazes de enunciar, em poucas linhas, toda a pauta reacionaria, que nao associa a universidade a um projeto de na9ao verdadeiramente democratica. Sem duvida, com seu modo caracteristico de simular a apresentão de argumentos em texto tao somente eivado de preconceitos, a Falha de S. Paulo mostra que tern lado. E verdade que ainda o faz sem as surpreendentes bravatas de um Trump, mas ela nao esta mais muito distante da ret6rica dos govemos anteriores. Assim, ao condenar o "tom catastrofista" do manifesto da ABC e da SBPC, assume ela pr6pria um requentado tom catastrofista, bastante digno de Bolsonaro.

No Editorial, as universidades aparecem como um projeto fracassado e caro, um inútil por sem fundo, no qual, ademais, servidores docentes e tecnicos atrevem-se a fazer greves, tendo o condenavel beneficio da estabilidade. Para começo de conversa, a Falha considera a universidade uma repartição publica qualquer, que não teria dignidade pr6pria nem mereceria ser protegida das intempéries da economia. As universidades, afirma o Editorial, sao meros "exemplos de distorções e vícios da gestao publica". Ja vai longe aqui o momento em que ate a Falha reconhecia o valor das universidades, por exemplo, no combate a pandemia.

As bandeiras reacionarias parecem brotar como se fossem 6bvias, expressando preconceitos ignorantes em letra de forma: fim da estabilidade dos professores, da gratuidade do ensino e, sobretudo, da garantia do financiamento público da educa9ao superior -  medidas que sabemos inconsistentes, mas podem ter grande apelo ret6rico. Em suma, para a Falha et caterva, a universidade parece mais abjeta que o pr6prio obscurantismo. Com efeito, a pr6xima campanha eleitoral come9a, e o lugar de produ9ao da pesquisa e do conhecimento no Brasil deve tomar-se um alvo a ser desmontado: "Trata-se de um modelo custoso, iniquo e de baixo incentivo a eficiencia, defendido a base de discurso ideol6gico e pratica corporativista".


2.              Temos indícios positivos de que a reacão do Presidente Lula vai em outra direção. A nota da ABC e da SBPC, em vez de lhe provocar engulhos como a Falha,

parece suscitar o aceno de que Lula recebera os reitores e que, entao, podera ate anunciar a suspensao do contingenciamento para as universidades federais.

Nao poderíamos esperar outra atitude. Nesse caso, caso se confirme, fica a liçãao para aqueles que pensam ajudar o atual governo evitando qualquer critica. Amobilização decidida e a crítica necessária ajudam nossos governantes a não seremtragados pelas pautas reacionarias. Com isso, nossos louvores a ABC e a SBPC, bem como a quantos vocalizam a luta, tanto urgente quanto de longa durçaão, em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade.

Com justa alegria, reitores ja comemoram nos bastidores. Nao obstante o

possível alivio, parece que essa boa e justa acolhida esta longe de significar uma autentica guinada nos rumos das prioridades nacionais. Que o governo Lula ãao sacrifique as universidades e algo que esta a altura de sua hist6ria, de seu melhor legado, pois sua politica fez expandir a rede de universidades por todo pais e permitiu o acesso ao ensino superior de muitos outrora sistematicamente excluidos. Faz, então, muito bem o líder que acolhe, mas não para refrear uma luta ainda mais ampla e franca pelos valores mais elevados que, alias, no momento, somente ele pode representar.

Que os atores da cena universitária leiam os sinais. As aguas se dividem, os campos se desenham. Nesse cenario de grande confronto entre projetos opostos de nacão, não há de bastar o mero alivio das dores agudas das nossas instituicões. Reitores não podem contentar-se com sobreviverem a seus próprios mandatos, mesmo com eventuais conquistas e algumas inauguracções. Afinal de contas, esta em jogo o destino da universidade. Assim, nao basta remediar, e preciso curar um male combater uma narrativa, cabendo a ANDIFES uma resposta firme ao Editorial da Falha.


É preciso, pois, deslocar a educacão pública para o lugar de prioridade nacional, de sorte que ela contribua, inclusive, por seus essenciais servic;os a nossa nac;ao, para afastar de forma duradoura os insistentes fantasmas do obscurantismo.


Lula deve agir nesse momento de urgência, e os reitores devem, sim, celebrar sua atitude. Mas é preciso mais. A mobilização nao pode parar nos gabinetes, uma vez que o governo Lula e as universidades nao podem fechar os olhos para a dimensão do ataque, nem recusar esta oportunidade para afirmar, perante a sociedade, a bandeira da educação. Se as soluções não forem de grande monta, se nao implicarem uma autêntica redefinicção das prioridades nacionais, estaremos oferecendo para uma luta ideológica de largo espectro apenas uma saída passageira e insuficiente, porquanto marcada por sua imediatez e tibieza.


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