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sexta-feira, 1 de agosto de 2025

...sinto dizer que a FLIP é uma mentira....Neste aspecto, a FLIP faz um deserviço aos que levam a sério e em profundidade a arte da poesia

 





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SOBRE A FLIP
Não sou daqueles que consideram a FLIP um evento literário descartável, mas também não me deslumbro com sua reduzida constelação de estrelas na programação principal - e centenas de satélites disputando rebotalhos nas programações paralelas. Considero, simplesmente, um evento midiático e extremamente limitado.
Os holofotes que a Festa Literária lança, por exemplo, sobre a poesia brasileira contemporânea, especialmente neste ano, em que um poeta é o homenageado, são limitadíssimos. Fosse um evento realmente diversificado (como a propaganda institucional tenta convencer o público) não poderia deixar de incluir na programação principal poetas como Alberto Lins Caldas, Claudio Daniel, Carlos Moreira, Rodrigo Garcia Lopes, Josely Vianna Baptista, Nuno Rau, Antonio Thadeu Wojciechowski (para citar meia dúzia de um universo mais vasto), responsáveis por boa parte da poesia mais densa, crítica e relevante que se produz hoje em dia - e já há algumas décadas. Poetas, inclusive, em sintonia muito maior com o teor inventivo, ousado e inquieto de Paulo Leminski, o homenageado.
Neste aspecto, a FLIP faz um deserviço aos que levam a sério e em profundidade a arte da poesia. Pior: sonega ao público leitor a maior fatia da melhor e mais crítica poesia produzida hoje no Brasil. Assim, sem querer querendo, a FLIP escancara a visão da oligarquia cultural progressista sobre a arte literária brasileira. Progressista, em certos aspectos, mas oligárquica. E como toda oligarquia, extremamente limitada.
Pressionada pelas pulsões da realidade social e pelo clássico sentimento de culpa, é característica das oligarquias permitir válvulas de escape para um pequeno grupo de marginais, periféricos, para banir a maior parte da marginalidade mais crítica e contundente.
Portanto, para quem conhece a fundo a arte literária brasileira contemporânea, especialmente, no caso deste ano, a arte da poesia, sinto dizer que a FLIP é uma mentira.

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